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segunda-feira, 25 de abril de 2011

4º crime...

O computador vigarista...


Um crime impune é geralmente classificado como perfeito, mas, muitas vezes, isso acontece graças à combinação de um mau planeamento com a sorte de um criminoso, ajudado ainda, às vezes, por uma deficiente investigação da polícia. O verdadeiro crime perfeito é aquele que nunca é sequer detectado, nem reconhecido como o acto criminoso.
E na demanda do criminoso, da perfeição na ilegalidade, muitos encontraram um novo cúmplice que nunca se enerva com medo de ser apanhado ou castigado, que não tem cadastro, que não deixa impressões digitais e nunca exige parte do “bolo”… O computador, um cérebro electrónico sem escrúpulos nem moral, é o parceiro perfeito do crime.
No princípio da década de 80 calculava – se que havia trezentos mil computadores a funcionarem em empresas dos Estados Unidos, Europa e Japão, a fazerem malabarismos com enormes quantidades de dinheiro e bens, todas as semanas. Ao contrario dos caixas e dos empregados dos bancos, com todas as fragilidades e tentações, os computadores nunca se enganam nas somas e não têm dedos pegajosos que se colam a caixa registadora.
A decisão do computador todo – poderoso é final, quer seja na satisfação de um pedido de pagamento de um cliente que discute a conta, quer na emissão de grandes quantias, em facturas, que apurou para pagamento. O computador está acima de qualquer suspeita.
Não admira, pois, que não tenha levado muito tempo a que os criminosos descobrissem o potencial papel que o computador poderia desempenhar do seu lado, já que a sua infalibilidade lhe forem fornecidos dados viciosos, obter – se – ão no fim instruções impecavelmente viciada e ninguém duvida das ordens que a máquina dá.
Foi isso que o jovem burlão Jerry Schneider descobriu quando se tornou milionário ao enganar o computador principal da Pacific Bell Telephone Company de Los Angeles, em 1972. O crime de Schneider ainda está por explicar e só ele sabe exactamente como enganou o cérebro electrónico, pois os registos nada revelam.
O rapaz, de vinte e um anos, que acabara o curso do liceu, lutava para organizar o seu próprio negócio de fornecimento de equipamento telefónico, quando descobriu códigos secretos que lhe permitiam interferir no computador que controlava os stocks dos armazéns da Pacific Bell, na Califórnia8.utilizando o seu próprio terminal de computador, em casa, Scheneider persuadiu o controlador eléctrico de que era um empreiteiro perfeitamente legal da companhia dos telefones e começou a encomendar fios muito caros e material de substituição, ao armazém.
O computador aceitava as suas instruções e mandava colocar materiais caros por toda a Los Angeles, muitas vezes nas ruas, e o pessoal da entrega deixava os enormes caixotes nos locais indicados, pensando que outro grupo de trabalhadores viria para instalar o equipamento, e nem esperando para assistir a essa operação.
Scheneider, com a sua viatura pintada de forma a parecer da companhia de telefone, apanhava o material e depois ao voltar a casa, interferia mais uma vez no computador para apagar todas as operações da memória eléctrica.
Com a sua concorrente gigantesca a fornecer – lhe material gratuitamente, o negocio de Scheneider floresceu até que, tolamente, certo dia recusou o aumento de ordenado pedido por um dos seu empregados, que o foi denunciar à polícia. Mesmo depois da sua prisão, os funcionários superiores da companhia recusaram – se a acreditar que Scheneider tivesse desviado um milhão de dólares de equipamento em menos de um ano, pois se o computador lhes dizia que nada faltava, não estava preparados para discutir com ele. Assim, só após de os investigadores da polícia terem feito pessoalmente uma inspecção aos armazéns e somado os stocks a maneira antiga, com papel e lápis, é que a administração da companhia acreditou nos prejuízos.

Contudo Scheneider passou apenas umas semanas na prisão, já que a Companhia dos Telefones retirou a queixa, depois de ele lhe ter fornecido uma lista secreta dos pontos fracos por onde se podia interferir no seu sistema.
Ao ser libertado, Scheneider estabeleceu – se com um novo negócio, como um dos mais bem pagos consultores de informática de toda a América, revelando o segredo do seu crime por elevadas quantias e pesquisando os cérebros electrónicos dos computadores dos seus clientes, à procura de pontos fracos por onde poderiam penetrar operadores desonestos e roubar por controlo remoto.
Como dizia Jerry Scheneider: “ Muitos dos meus clientes já foram roubados sem terem dado por isso. Perderem milhões de dólares através de manipulação de computador e os culpados nunca poderão ser descobertos, porque apagaram a prova dos seus crimes.”
Quem precisa de se arriscar a saltar sobre o balcão de um banco, com um espingarda de canos serrados, quando, sentado no conforto da sua casa, pode roubar muito mais dinheiro a um banco, usando apenas o telefone e um terminal de computador?
O FBI calcula que, nos Estados Unidos, a quantia média roubada a bancos em assaltos à mão armada é de dez mil dólares de cada vez, mas a média das burlas feitas electronicamente aos mesmos bancos atinge quinhentos mil dólares, dos quais apenas uma percentagem mínima é descoberta e explicada.
Em 1908 calcula – se que os crimes de informática renderam nos Estados Unidos e no Mercado Comum cerca de duzentos milhões de libras por ano e que estavam a aumentar rapidamente.
A polícia de Nova Iorque ainda anda à procura do simpático que cometeu uma fraude infantil por computador, ao assinar um acordo de empréstimo com um banco, no montante de vinte mil dólares para comprar um carro. O computador pagou ao stand e os documentos de propriedade do veículo ficaram no cofre do banco, como garantia do pagamento. Uns dias depois, o orgulhoso condutor recebeu a sua caderneta de pagamento do empréstimo, com doze cupões mensais parta serem processados pelo computador, à medida que ele fosse pagando as prestações.
O jovem ignorou os primeiros onze cupões, enviou pelo correio o décimo segundo, dando assim ao computador uma ordem de pagamento para a data que era enviada a primeira prestação, e depois esperou.
Nada há mais cego que uma máquina infalível. O computador reconheceu apenas o código da tinta magnética como sendo da décima segunda prestação, portanto a última, e, com impecável eficiência, enviou ao dono do carro uma carta muito simpática a agradecer – lhe o pagamento do empréstimo, assim como os documentos do carro e uma declaração impressa que aumentara a sua taxa de credito bancário.  
Mais de um mês depois, um funcionário do banco, muito intrigado, procurou o cliente na sua morada por causa de uma prestação atrasada, mas o apatamento estava vazio e o brilhante Cadillac já fora vendido a um negociante de automóveis, que aceitara, satisfeito e legalmente, a decisão do computador de que o carro estava pago e era propriedade do jovem condutor, que queria vendê – lo a pronto, para uma operação ao pai, que era um doente crónico. O misterioso condutor nunca mais foi descoberto, apesar das intensas buscas.
Outra fraude espantosamente fácil deu um lucro de trezentos e cinquenta mil dólares, numa só semana, à bela divorciada que abriu conta, com duzentos dólares, num banco de Miami, Florida. Planeava comprar uma casa luxuosa perto da praia, explicou, logo que a sua parte da partilha do divórcio lhe fosse dada pelo ex – marido. O banco forneceu – lhe, de boa vontade, um livro de cheques e talões de depósito com o número da sua conta, impresso, num canto, a tinta magnética.
Ninguém reparou contudo que ela parou no balcão, ao sair, donde retirou uma mão cheia de impressos de depósitos em branco, que havia num expositor, para facilitar a vida aos clientes que se tivessem esquecido de trazer os seus livros de cheques e de talões.
Não se sabe como (e o mistério nunca foi publicamente explicado) a jovem loura imprimiu o número da sua conta, com tinta magnética, no canto esquerdo de todos talões de depósito em branco, mas fê – lo, e dias depois voltou ao banco e meteu os impressos falsificados no mesmo expositor donde os havia tirado.
Durante os cinco dias seguintes, os clientes apressados que se tinham esquecido de trazer os seus talões pré – impressos retiraram os talões aparentemente em branco e depositam no banco os seus ganhos e poupanças. O computador estava programado para enviar os impressos preenchidos a caneta para o cesto de compilação, a fim de serem conferidos manualmente, mas reconheceu de imediato de números a tinta magnética e, fielmente, creditou todo o dinheiro na conta da divorciada. Esta, quando voltou, mais uma vez ao banco, passados uns dias, encontrou a “casa dos seus sonhos”, e ia acompanhada por um amigo muito forte, que levava uma pasta com fecho de segurança.
Levantou tudo, excepto algumas centenas de dólares, angariando assim trezentos e cinquenta mil dólares que lhe tinham sido “dados” por clientes confiantes, os quais ficaram desesperados ao descobrir ao fim do mês, pelos seus extractos bancários, que o dinheiro ganho com tanto trabalho não lhe fora creditado na conta. Quanto à loura e ao seu amigo, não mais foram vistos.
Um outro burlão mais ambicioso utilizou como cúmplice involuntária a sua inocente namorada, para enganar o computador de um banco de Washington, 1981.
O homem de meia-idade, muito viçoso, gabava – se de ser um comerciante de mobiliário de São Francisco que em breve criaria mais empregos em Washington, quando encontrasse o local para construir a sua nova fábrica. Assim, o banco recebeu – o de braços abertos como um futuro bom cliente, quando abriu a sua conta e lhes disse que esperassem um deposito de vulto que viria da  sua empresa, na outra costa.
Fiel à sua palavra, uns dias depois o banco de S. Francisco emitiu uma ordem de transferência, por computador, de dois milhões de dólares para Washington. O fabricante de imobiliário apresentou – se prontamente no banco levantou o dinheiro e partiu “em busca do local a desenvolver”. Contudo, como não aparecesse mais e como o depósito em dinheiro não chegasse de S. Francisco, os investigadores do banco começaram a tentar localizar a mensagem electrónica; esta tivera origem num terminal no banco S. Francisco onde operavam três empregadas, as quais negaram saber algo sobre a transferência. No entanto, disseram ao investigador que uma quarta mulher se despedira do emprego havia apenas algumas semanas, muito deprimida devido a um caso de amor fracassado.
Muito chorosa, a mulher contou, após ser localizada, como o seu namorado, de meia idade, lhe prometera casamento depois de ir, por pouco tempo, a Washington, para contar a família e aos amigos que fizera fortuna na Califórnia. Ela explicou queo namorado era muito divertido, gostava de contar anedotas e até a convencera a mandar, por brincadeira, um telex a um banco de Washington para lhe creditarem dois milhões de dólares, a fim de impressionar os amigos e a família.
 A mensagem de telex fora a única recordação que o banco guardara do burlão. O computador pagara sem precisar de ver o dinheiro, nem contar laboriosamente pilhas de notas novinhas, como faria um caixa humano, aborrecido e mal pago. Para o computador uma série de sinais, numa linha telefónica, era o mesmo que dinheiro no banco.
Contudo, o premio do maior burlão de computadores da nova era electrónica seria com certeza atribuído ao génio de Nova Iorque que foi capaz de interferir num computador municipal que não controlava dinheiro, nem stocks valiosos, nem sequer informações importantes.
O computador AM Tote 300, da pista de corridas de cavalos, é apenas de uma máquina de somar que totaliza a quantia apostada em cada dia com um precisão que vai até aos cêntimos.
Como o lucro das apostas da Tote contribui para o rendimento da cidade Nova Iorque, esse número e geralmente publicado nos jornais, mas é apenas uma estatística que varia todos os dias, segundo o negócio feito nas corridas.
A soma final apresentada pelo imparcial computador é considerada correcta mesmo pelos materialistas homens de negócios da Máfia, e esse total diário é o fulcro da sua empresa de apostas ilegais, cujos persuasivos vendedores oferecem diariamente um bilhete de lotaria em que o jogador pode escolher três dígitos que pensa que formarão os três últimos números do total das apostas do dia.
As hipóteses de acertar nos três números são de mil para um, mas os organizadores pagam sobre uma base de quinhentos para um, tirando um lucro de cerca de metade dos três milhões que os Nova – Iorquinos apostam no jogo ilegal todas as semanas.
A 30 de Setembro de 1980, uma multidão de vinte mil jogadores passou um dia nas corridas e apostou um total de 3 339 916 dólares e no dia seguinte os agentes das apostas da Mafia pagaram duzentos e cinquenta mil dólares aos felizardos que tinham escolhido os três últimos números.
Uns dias mais tarde os auditores que tratavam das contas das corridas anunciaram que o computador se enganara em três dólares e alteraram o último algarismo para nove, obrigando os agentes da Mafia, que já haviam pago com base no número anterior e pagarem outra vez, generosamente, sobre o novo, gesto que melhorou a sua reputação como indivíduos honestos, com quem se podia negociar.
Então os auditores levaram a cabo uma inspecção ao computador Tote 300 e, ao compararem os seus totais com o dinheiro realmente depositado no banco, verificaram que, em seis meses, ele fornecera respostas erradas oitenta vezes. A sua simples máquina de somar aceitara algarismos que lhe eram metidos por um operador de computador desonesto, que mudava o seu registo electrónico para os números que queria, enganando assim a Mafia wm vinte milhões. 

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