A viúva negra...
Para uma mulher que nada fazia, a viúva Belle Gunness vivia muito bem. Enquanto os vizinhos, em La Porte, Indiana, cultivavam os seus campos, Belle enterrava corpos e ganhava um montão de dólares.
Fora outrora mulher de Mads Sorenson, mas, graças a uma caneca de cerveja que dera ao marido, o casamento não durara muito. A bebida estava generosamente temperada com estricnina e a viúva mandou cremar o Mads antes que os investigadores dosa seguros se apercebessem do que acontecera. A companhia objectou, mas a viúva acabou por receber oito mil e quinhentos dólares.
Não teve problema em arranjar outro marido, pois aos trinta e um anos, Belle era ainda uma mulher atraente, o que seria fatal para o agente de vendas de propriedades Petter Gunness, de La Porte. Belle casou com Gunness e teve três filhos, duas raparigas e um rapaz, e uma vida com a qual estava satisfeita até o dinheiro se acabar.
Um dia, e, Dezembro de 1902, Gunness disse a Belle que ia recorrer ao seu ultimo bem: uma apólice de seguro de dez mil dólares, pois investira tudo quando tinha em opções propriedades próximo de uma hipotética linha de caminho de ferro que nunca fora construída. Belle ajudou – o a encontrar a apólice e foi despedir – se dele à porta, mas quando ele se virou para lhe dar um beijo ergueu o machadinho da carne e esmagou – lhe o crânio.
A polícia, crédula, aceitou a história de que Gunness escorregou no patamar coberto de gelo e abrira a cabeça no degrau e abrira a cabeça no degrau da porta, mas os peritos da seguradora mostraram – se mais duvidosos e houve uma investigação que durou quatro meses antes que a assassina pudesse receber o dinheiro do seu segundo marido.
Belle começou então a pôr anúncios nas colunas do “Correio Sentimental” dum jornal de Minneapolis. O isco era a sua sumptuosa casa de doze assoalhadas, numa quinta de senta e cinco acres, “ao lado de uma alameda”, e ainda mais tentador para os homens gananciosos ou solitários eram os encantos pessoais que apregoava. Escolheu cuidadosamente as respostas : queria homens sem parentes…e com muito dinheiro.
George Berry, de Tusca, foi o primeiro, em Julho de 1905. Trouxera obedientemente a sua poupança de mil e quinhentos dólares, em dinheiro, mas ficou surpreendido com o aspecto de Belle , que entretanto engordara, se bamboleava e tinha um tufo de pelos sobre o lábio. Ela, no entanto, levou – o ao engano, da estação até casa, afirmando – lhe que era criada da bela viúva, e enquanto ele esperava pacientemente que esta aparecesse, Belle aproximou – se por uma porta lateral, com um machado bem afiado na mão.
No ano seguinte a casa recebeu outros três visitantes, todos eles trazendo o seu pecúlio, e nenhum deles voltou a sair.
Em 1908, o fosso da viúva negra recebeu mais dois corpos, e um era de Andrew Helgelien, que lhe escrevera de Aberdeen, Dakota do Sul, mas que preferia esconder – lhe que tinha um irmão mais velho chamado Asle.
Ao fim de duas semanas sem ter notícias do irmão, Asle escreveu à viúva a fazer perguntas mas esta respondeu dizendo que Andy desaparecera misteriosamente e pedindo a Asle que fosse a La Porte e a ajudasse na busca com todo o dinheiro que pudesse juntar. Contudo, quem apareceu não foi Asle, mas o xerife de La Porte, que aquele, cheio de suspeitas avisara. A viúva tentou ganhar tempo, afirmando que tivera notícias de Andy e que poderia mostrar – lhe o desaparecido se lá voltasse no dia seguinte.
No entanto, o xerife teve de voltar ao local do crime antes de o dia acabar, sendo recebido por uma cortina de fumo que se elevava no céu. Era a casa de Gunness, que, por ser feita de madeira, ficou reduzida a cinzas numa questão de minutos. Sob a terra recentemente mexida por trás do celeiro, o xerife descobriu seis corpos – entres eles Andrew Helgelien – e nos escombros da casa havia mais quatro corpos: três pequenos e um grande?
As autoridades assim queriam acreditar, mas surgiram provas que significavam que não se podia fechar o processo de Belle Gunness: uma testemunha disse que, uma hora antes de o fogo deflagrar, vira a viúva passar na estrada com uma carroça puxada por uma parelha de cavalos, e no dia seguinte, num dos cemitérios próximos, verificou – se que as campas de um adulto e três crianças haviam sido esvaziadas, num macabro acto de vandalismo.
Incansavelmente, até ao fim da vida, Asle Helglien continuou à procura da viúva, mas nunca a encontrou.
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